12 novembro 2010

ACERCADACANA estréia 26/11/10 no Festival de Brasília





No dia 26 de novembro de 2010, sexta-feira, estréia a nova produção do Coletivo Asterisco, "ACERCADACANA" (Documentário, 35mm, 20 minutos, Recife, 2010), como um dos 12 curta-metragens 35mm que competirão no 43.º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. O curta é uma co-produção da Parabelo Filmes, da Sound8, da Cabra Quente Filmes e da Link Digital, e contou com o incentivo do FUNCULTURA/Governo do Estado de Pernambuco para a finalização em 35mm.

O filme começou a ser gravado em 2008, a partir do contato com a Comissão Pastoral da Terra - CPT/PE e retrata a luta desproporcional da agricultora Maria Francisca contra um grande grupo empresarial, sob o pano de fundo do agronegócio do etanol. O álcool combustível, que vem sendo divulgado e comercializado no Brasil e no mundo como combustível limpo e positivo, está associado, na verdade, à devastação ambiental, à exploração desumana do trabalho dos canavieiros e à mais retrógrada concepção de latifúndio e de concentração de terras, lastros da colonização do nosso país.

O Grupo Petribu expulsou, na última década, 50 famílias que há mais de 40 anos moravam no Engenho Tiúma (São Lourenço da Mata-PE), para plantar mais cana. Mesmo cercada pelos canaviais por todos os lados, Dona Francisca e sua família decidiram resistir às ameaças.

Após dois anos acompanhando a história dessa mulher, nasceu o curta que deverá ser expandido posteriormente para um filme maior. Para o diretor Felipe Peres Calheiros: "Não existe cinema desprovido de posicionamento político. Acredito nesse caminho de envolvimento entre cinema e realidade. Mesmo os que julgam seus filmes como apolíticos, inevitavelmente falam a partir de um lugar de poder." Junto com a circulação do filme, a equipe pretende divulgar a Campanha pelo Limite da Propriedade da Terra (http://www.limitedaterra.org.br/), uma proposta de Emenda Constitucional dos movimentos sociais pela Reforma Agrária, a fim de estabelecer no Brasil um limite máximo de 35 módulos fiscais, o que atingiria poucos imóveis rurais, mas poderia diminuir consideravelmente a concentração de terras no Brasil.

A protagonista do documentário, Maria Francisca conseguiu em 2006, através da assessoria jurídica da CPT, o usucapião do meio hectare de terra em que mora há mais de 40 anos, na primeira instância da Comarca de São Lourenço da Mata. Mas o grupo Petribu recorreu, a fim de despejar sua família, e agora aguarda-se o julgamento pelos desembargadores do Tribunal de Justiça de Pernambuco.

Além da questão da posse da terra, Dona Francisca também luta pelo direito à energia elétrica em sua casa, já que a Companhia Energética de Pernambuco não foi autorizada pela Usina Petribu a instalar os postes necessários à transmissão.


SINOPSE: Nos anos 90, com a valorização do etanol e a expansão do latifúndio canavieiro, 15 mil famílias foram expulsas dos seus sítios na zona da mata de Pernambuco. Maria Francisca decidiu resistir.

FICHA TÉCNICA
direção: Felipe Peres Calheiros
produção executiva: Diego Medeiros
roteiro: Felipe Peres Calheiros e Paulo Sano
fotografia: Felipe Peres Calheiros e Luís Henrique Leal
assitência de câmera: Rafael Cabral
assistência de direção: Luís Henrique Leal
som direto: Rafael Travassos e Sérgio Santos
montagem: Paulo Sano
pós-produção: Guga Nascimento
edição de áudio: Rafael Travassos e Nicolau Domingues
arte final: Paulo Sano
colaboraram com o roteiro: André Carlos, Evandro Dunoyer, Marcelo Pedroso, Rafael Travassos, Sérgio Santos
finalização de som: Rob Filmes
finalização e transfer 35 mm: Link Digital